Anna Maria Luisa de Medici 1667 1743
Retrato de Anna Maria Luisa de’ Medici conservado atualmente no Palazzo Pitti de Florença

A família Médici marcou a história de Florença, mas você já ouviu falar em Anna Maria Luisa de’ Medici, uma mulher que é homenageada todos os anos pela cidade de Florença? Descubra aqui por que ela é tão importante para os florentinos.

Quem foi Anna Maria Luisa de’ Medici

Se Florença é ainda hoje uma cidade importante e famosa não só na Italia mas no mundo inteiro, em parte se deve a família desta mulher: Anna Maria Luisa de’ Medici. Ela foi a última herdeira da dinastia dos Médici, uma das famílias mais potentes e importantes da Toscana (obs: em italiano se escreve Medici sem acento).

Anualmente no dia 18 de fevereiro, data da morte de Anna Maria Luisa de’ Medici, os florentinos homenageiam a “Elettrice Palatina” com a abertura de vários museus e atrações de Florença gratuitamente. Por que ela é lembrada ainda hoje?

Maria Luisa de’ Medici foi a última herdeira de uma das mais importantes dinastias florentinas e fez um testamento deixando todas as riquezas de família para a sua cidade natal, Florença.

Um documento onde especificava que todas as obras de arte, jóias, edifícios e tesouros da família Médici após a sua morte deveriam ser usados para despertar a atenção e curiosidade em estrangeiros, com a garantia de que nada pudesse ser transportado para fora de Florença e da Toscana.

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A última herdeira da família Medici

Anna Maria Luisa de’ Medici (batizada Anna Maria Ludovica) fez questão de escrever uma página no seu Pacto de Família assinado em Viena no final de outubro de 1737 onde dizia que ela, como legítima herdeira de todo o patrimônio dos Médici, oferecia toda a sua riqueza à Toscana.

E mais: que esse patrimônio não poderia ser levado para fora do território toscano e que deveria ser usado para chamar a atenção do público e dos estrangeiros.

“…Egli si impegna a conservare, a condizione espressa che di quello che è per ornamento dello Stato, per utilità del pubblico e per attirare la curiosità dei Forastieri, non sarà nulla trasportato e levato fuori della capitale dello Stato e del Granducato.”

Em palavras simples: nada do que os Medici possuíam poderia ser transportado para longe de Florença após a morte da última Medici.

A última Médici, Anna Maria Luisa de' Medici
Anna Maria Luisa de’ Medici em trajes de caça: a última herdeira da potente família Medici deixa toda a sua riqueza de família para a cidade de Florença

Isso incluía os quadros e estátuas que decoravam a Galleria degli Uffizi e o Palazzo Reale, todas as joias e pedras preciosas, os livros da Biblioteca Palatina e da Biblioteca Medicea em San Lorenzo; toda a coleção de antiguidades etruscas e egípcias (uma das maiores coleções da época), as várias e raríssimas peças em majólicas italianas e estrangeiras, as obras de Donatello, de Verrocchio e outros famosos escultores; a Sagrestia Nuova com as obras de Michelangelo, os serviços de mesa em ouro, prata e porcelana, os cálices e vasos obras de vários artistas como por exemplo de Cellini, as relíquias, objetos de igrejas todos os móveis nas residências dos Medici, as preciosíssimas tapeçarias.

Mas o que poderia ter acontecido com a sua riqueza dos Médici se ela não tivesse assinado este Pacto de Família?

É necessário voltar um pouco na história para conhecer a sua trajetória de vida e o que estava acontecendo naquela época.

Casamento arranjado

Anna Maria Luisa de’ Medici quando criança quase foi prometida esposa para o delfino da França, o filho de Luís XIV. Não seria a primeira vez de uma Médici em Paris já que Catarina de’ Medici tinha sido raínha da França dois séculos antes assim como Maria de’ Medici. Mas o acordo acabou não sendo concluído, alguns diziam por ciúmes de sua mãe, Margherita Luisa d’Orleans que tinha vindo da França para se casar em Florença com Cosimo III e teve um casamento infeliz.

Margherita Luisa d’Orleans achava Florença muito entediante para uma dama como ela, habituada a outros luxos e ambientes muito mais sofisticados. E odiava o marido fiorentino, de um ódio tão grande que, quando a filha Anna Maria Luisa tinha apenas 8 anos, abandonou a família (incluindo os dois irmãos de Anna Maria Luisa de’ Medici que se chamavam Ferdinando e Gian Gastone) e fugiu para Paris.

Assim Anna Maria Luisa de’ Medici, a última Médici, foi criada pela avó paterna, Vittoria della Rovere que fez o possível pra apagar as lembranças da menina em relação a mãe.

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Giovanni Guglielmo com a esposa Anna Maria Luisa de’ Medici em obra realizada pelo artista Jan Frans Douven

O tempo foi passando, outros pretendentes e situações vieram, mas Anna Maria Luisa de’ Medici se casou apenas com 23 anos, o que era considerado bastante tarde para a época. Seu marido também não era jovem: tinha 33 anos e era viúvo da primeira esposa. E para completar seu casamento com Giovanni Guglielmo di Sassonia (em português João Guilherme) foi realizado por procuração.

Uma grande cerimônia aconteceu na catedral de Florença (o famoso “Duomo”) no dia 21 de abril de 1691, mas ela só foi conhecer o marido ao vivo alguns dias depois… quando estava a caminho de Düsseldorf, na Alemanha, que na época era uma cidadezinha com apenas 7 ou 8 mil habitantes (hoje em dia Dusseldorf tem mais de 600 mil habitantes, para dar uma ideia da diferença).

Em Düsseldorf Anna Maria Luisa de’ Medici viveria boa parte de sua vida. Ela só retornaria para a Italia após a morte do marido, quando durante a longa viagem de retorno receberia honrarias dignas de uma rainha. Ah, sim porque o marido Giovanni Guglielmo era um homem de poder, Eleitor Palatino, um grau altíssimo na Alemanha, era irmão da Imperatriz e também herdeiro de muitas posses.

Casamento sem filhos

O casal Anna Maria Luisa de’ Medici e Giovanni Gugliemo não teve filhos. Dizem as más línguas que ela teria pego sífilis do marido e graças a essa doença sexualmente transmissível teria tido problemas de fertilidade.

Mas o fato é que com a união das famílias, boa parte da riqueza dos Médici poderia ter ido ao exterior. Se não fosse por aquele documento, aquele pacto de família que ela assinou poucos meses após a morte do irmão Gian Gastone, que também não teve filhos. Após a morte de Gian Gastone Florença seria governada pela dinastia dos Lorena, diretamente na figura do regente príncipe de Craon.

Morte no Carnaval

Uma grande tempestade caiu sob Florença exatamente na hora da sua morte. Os apoiadores da família Médici comentaram que eram os céus que choravam a morte da última herdeira da dinastia. Os rivais diziam que era o diabo que tinha vindo buscar a última Médici. E teve ainda quem disse que ela acabou com a comemoração de carnaval: “Toda a nossa alegria terminou. O carnaval de Florença está arruinado, a Eleitora do Palatinado morreu uma hora atrás e nós teremos que renunciar todos os belos projetos mascarados.” – escreve em uma carta Sir Horace Mann.

Anna Maria Luisa de’ Medici morre aos 75 anos em Florença no dia 18 de fevereiro de 1743 de um tumor no seio.


Abaixo um vídeo que fala mais sobre Anna Maria Luisa de’ Medici, a última Médici.

Bibliografia

O conteúdo deste artigo se baseou no livro “I Medici – Uma famiglia al potere” de Marcello Vannucci – edição da Newton & Compton Editori de janeiro de 2006. Um dos primeiros livros que comprei quando vim morar em Florença e que comecei a reler agora em janeiro de 2021. Se quiser pode comprar a sua cópia do livro de Marcello Vannucci na Amazon, nosso parceiro.

Jogo da Família Médici em Florença

Se você ficou interessado na história da família Médici e está programando visitar Florença existe um jogo online disponível para app através da Get Your Guide que parece interessante e estou pensando em testar em família em breve. É baratinho, deixo o link para quem se interessar:

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E você, já conhecia a história de Anna Maria Luisa de’ Medici?

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Barbara Bueno - brasilnaitalia
Barbara Bueno é uma jornalista brasileira que mora em Florença desde março de 2005. Foi para a Toscana em busca das suas origens italianas. Em janeiro de 2007 criou o blog BRASIL NA ITALIA. Já trabalhou como content manager para a Regione Toscana, obteve habilitação como assistente turística e foi proprietária de agência de viagem na Italia (até chegar a pandemia...). Hoje se interessa por criptomoedas e voltou a fazer o que mais gosta: buscar novidades, visitar lugares interessantes e escrever! Se você tem uma dúvida sobre a Italia visite a seção Dúvidas sobre a Italia.

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