Não tem jeito: quando você for a Roma, durante uma caminhada pelo centro histórico, você vai acabar se deparando com uma imponente fonte de água, rodeada por esculturas e turistas. Sim, é ela, a famosíssima “Fontana di Trevi” (em português Fonte de Trevi). Impossível não tirar uma foto e jogar uma moedinha como manda a tradição. Mas recomendo ler este artigo até o final para poder viver uma experiência mais completa e rica do ponto de vista cultural.
Índice
Fontana di Trevi: uma das atrações mais visitadas de Roma
Imagine você caminhando pelas encantadoras ruas de paralelepípedos de Roma. De repente, ao improviso, se abre uma praça. Você escuta o barulhinho da água em movimento e um bisbilhar da multidão de turistas.
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Você está na Piazza di Trevi, admirando a imponente Fontana di Trevi, uma das atrações mais visitadas de Roma. Uma emoção única e indescritível, afinal você também está lá, finalmente, neste lugar importante e exclusivo.

A Fontana di Trevi é a mais famosa fonte de Roma e está localizada no final do aqueduto Vergine, o único dos aquedutos antigos que ainda está em uso contínuo até os dias atuais.
Com uma altura máxima de 26,30 metros e uma largura de 49,15 metros, a Fonte de Trevi é certamente grandiosa. Abaixo vamos entrar nos detalhes deste importante monumento.
Atenção aos detalhes da Fonte de Trevi: o que você está vendo

Quando você chegar na praça Trevi encontrará um grande tanque de água cristalina. A partir deste tanque surgem rochas que formam a base onde se encontram esculturas e o fundo da fonte. Se você reparar, atrás da fonte existe um edifício: é o Palazzo Poli.
Palazzo Poli
Palazzo Poli, sobre o qual se apoia a Fonte de Trevi, foi encomendado por Lelio dell’Anguillara e construído a partir de 1573 com o projeto de Martino Longhi, o Velho. Após a morte de Longhi, a obra foi continuada por Ottaviano Mascherino.
Em 1678, Lucrezia Colonna e seu marido, Giuseppe Lotario Conti, expandiram significativamente o palácio, incorporando edifícios adjacentes. Em 1732, Nicola Salvi construiu a famosa Fonte de Trevi na fachada traseira do palácio.
O edifício passou por várias mãos ao longo dos séculos, abrigando residentes ilustres como poetas e artistas. Atualmente, é a sede do Istituto Centrale per la Grafica.
A Sala Dante, destacada por sua vista exclusiva para a Fonte de Trevi, é um dos locais mais representativos do palácio e foi um importante centro cultural no final do século XIX.
No centro da Fonte de Trevi: a estátua de Oceano (ou Netuno)
No centro da Fonte de Trevi, domina a estátua de Oceano (ou Netuno), guiando um carro em forma de concha, puxado por dois cavalos – um irado e um pacífico – controlados por dois tritões. Os cavalos representam os estados do mar, que podem ser turbulentos ou calmos.
Realizada inicialmente por Giovanni Battista Maini e concluída por Pietro Bracci, um dos maiores escultores do tardo-barroco, a estátua de Oceano é o principal sujeito do conjunto.
Com 5,8 metros de altura, o deus Oceano é representado em uma pose dinâmica, enquanto monta em um carro em forma de concha, mostrando com orgulho sua força e suas formas plásticas e musculosas.
Nichos Laterais: Abundância e Salubridade
Nos nichos laterais, encontramos duas estátuas esculpidas pelo escultor de origem florentina Filippo della Valle. À esquerda está a estátua da Abundância (ou Fertilidade) e à direita a estátua da Salubridade.
Acima desses nichos, encontramos dois baixos-relevos.
O primeiro foi realizado por Giovan Battista Grossi e representa Marco Vipsanio Agripa enquanto aprova a construção do aqueduto da Água Virgine (à esquerda).
O segundo (à direita), assinado por Andrea Bergondi, representa a virgem mostrando aos soldados o ponto exato de onde se origina o aqueduto.
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Quando foi construída da Fontana de Trevi em Roma?
Hoje a gente abre a torneira e simplesmente sai água. Mas da onde vem essa água? Dos aquedutos.
Você sabia que o aqueduto que abastece a Fontana de Trevi foi construído há mais de 2000 anos por Marco Vipsânio Agripa?
Era o dia 9 de junho de 19 a.C. quando foi inaugurado o aqueduto da Água Virgem (aqua Virgo), o sexto dos onze aquedutos romanos antigos.
O aqueduto da Água Virgem captava a água do curso do rio Aniene, a 10 quilômetros a leste de Roma.
De lá, levava água à Fonte de Trevi (que obviamente não tinha a mesma aparência de hoje), depois às Termas de Agripa, enquanto uma ramificação levava a Trastevere. O aqueduto da Água Virgem fornece água também à Fonte da Barcaccia, à Fonte dos Quatro Rios e à Fonte do Nicchione.
Dos aquedutos da Antiga Roma aos dias de Hoje
É claro que ao longo dos séculos a maior parte dos aquedutos romanos deixou de funcionar: alguns foram destruídos durante guerras, outros simplesmente deixaram de funcionar por falta de manutenção.
Durante a Idade Média, muitas fontes monumentais foram desmontadas para reutilizar seus materiais, e um grande número de poços foi construído para o abastecimento de água. Exceções incluem bacias baixas construídas para rituais e celebrações religiosas perto das igrejas, como a fonte da basílica de Santa Cecília em Trastevere e a da antiga basílica de São Pedro no Vaticano.
Apenas no final da Idade Média surgiram novas iniciativas para a projeção e construção de fontes importantes. A Fonte de Trevi é uma delas.
O primeiro projeto para o Aqueduto Água Virgem no Renascimento
O primeiro projeto foi realizado no ponto terminal do aqueduto da Água Virgem em 1410. A fonte consistia em três bacias adjacentes, nas quais a água jorrava de três bocas distintas.
Em 1453, o papa Nicolau V, como parte de um amplo programa de renovação da cidade de Roma, encarregou Bernardo Rossellino e Leon Battista Alberti, arquiteto e intelectual renascentista, de restaurar a fonte, criando uma nova mostra na Piazza di Trevi.
Sua intervenção limitou-se a unir as três bacias, desenhando de forma simples e linear a base do monumento que, na época barroca, se tornaria o que vemos hoje.
Naquela ocasião, foi colocada uma placa na parede rusticada e merlata que se projeta sobre o tanque retangular (a qual foi perdida durante as obras barrocas):
NICOLAVS V. PONT. MAX. POST ILLVSTRATAM INSIGNIBVS MONUMEN. VRBEM DVCTVM AQVAE VIRGINIS VETVST. COLLAP. REST. 1453
tradução: “O Sumo Pontífice Nicolau V, após embelezar a cidade (de Roma) com monumentos notáveis, restaurou em 1453 o conduto da Água Virgem, que estava em antigo estado de abandono.”
Alguns séculos depois, mais especificamente em em 1640, o Papa Urbano VIII (da família Barberini) encomendou a realização de uma série de monumentos na cidade de Roma e no Lácio ao arquiteto e escultor Gian Lorenzo Bernini. Após a fachada da igreja de Santa Bibiana e o baldaquino na Basílica de São Pedro, foi-lhe encomendada, por volta de 1640, a remodelação da Piazza Trevi e da fonte.
O projeto de Bernini previa uma ampliação substancial da praça e a rotação ortogonal da fonte, obtendo o alinhamento atual, em direção à Piazza Venezia. Duas bacias semicirculares concêntricas deveriam destacar a estátua central colocada em um pedestal abaixo do nível da água, representando provavelmente a virgem Trivia.
No entanto o projeto não foi concluído. Isso porque nesse meio tempo o Papa Urbano VIII morreu, faltavam os fundos necessários e o novo papa, Inocêncio X Pamphili, processou a família Barberini.
Inocêncio X então encarregou o arquiteto Francesco Borromini de levar a Água Virgem até a Piazza Navona e projetar uma mostra monumental em frente ao palácio Pamphili (hoje Embaixada do Brasil em Roma), que acabou sendo executada por Gian Lorenzo Bernini.
Desde o início do século XVIII, o tema da Fonte de Trevi foi amplamente discutido, com vários concursos realizados pela Academia de São Lucas. Participaram diversos arquitetos, tanto italianos quanto estrangeiros, como Nicola Michetti e Luigi Vanvitelli.
O projeto atual da Fontana di Trevi de Nicola Salvi (séc. XVIII)
As obras foram retomadas graças a um concurso lançado em 1731 pelo papa Clemente XII (da família Corsini) para a construção da fonte monumental. O papa escolheu o projeto de Vanvitelli, mas ainda insatisfeito, substituiu-o pelo do arquiteto italiano Nicola Salvi, hoje conhecido como o construtor da Fonte de Trevi.
As obras começaram em 1732. O projeto de Nicola Salvi consistia em uma fonte com uma grande bacia central, circundada por uma escarpa esculpida em travertino e um cenário teatral ligado ao palácio Poli, concebido como um fundo arquitetônico.
Imagine que Fontana di Trevi de Nicola Salvi foi inaugurada três vezes:
- a primeira vez em 1735 por Clemente XII, com as obras ainda em andamento, atrasadas pelas frequentes disputas entre Salvi e Giovanni Battista Maini, o executor das esculturas;
- a segunda vez em 1744, após a morte de Salvi, Maini e Clemente XII, sendo inaugurada pelo sucessor, Bento XIV;
- a terceira vez em 1762. As esculturas foram primeiramente confiadas a Giuseppe Pannini e depois a Pietro Bracci. A fonte foi então concluída e inaugurada pelo papa Clemente XIII.
Fonte de Trevi: o que você não está vendo (mas vale visitar!)
Poucos visitantes sabem que abaixo da Fontana di Trevi existe um fascinante mundo subterrâneo conhecido como Vicus Caprarius – A Cidade da Água. Esta área arqueológica foi descoberta durante as escavações realizadas entre 1999 e 2001, durante a renovação do antigo Cinema Trevi. A descoberta revelou um complexo de edifícios da era imperial romana, incluindo partes do aqueduto Vergine.
Os visitantes podem explorar os restos de uma domus (casa nobre) e o castellum aquae (reservatório de distribuição de água). O local oferece uma visão única da Roma antiga, com suas estruturas murárias conservadas em opus latericium (tijolos romanos) e uma série de artefatos fascinantes, como a cabeça de mármore de Alexandre Hélio, anforetas africanas para transporte de óleo e um tesouro de mais de 800 moedas.
A área subterrânea de Roma abre de terça à domingo das 11:00 às 17:00. A reserva é recomendada e nos fins de semana é obrigatória. Os ingressos custam Euro 4,00 para adultos; Euro 2,50 para estudantes 18-25 anos UE; Euro 1,00 para jovens de 14 a 18 anos e grátis para menores de 14 anos. Mais informações aqui.
Existe também a possibilidade de reservar uma visita guiada, inclusive com opção de saída em português, através da Get Your Guide.
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Os rituais e tradições da Fontana di Trevi
Você já ouviu falar no ritual da moeda da Fonte de Trevi? Existem várias versões, mas a minha preferida é aquela que você fica de costas para a famosa Fontana di Trevi e lança uma moeda para trás. Se ela cair dentro da água da fonte significa que você certamente retornará a Roma.

O que muitos não sabem é que, no lado direito externo da fonte, há uma pequena bacia retangular com duas torneirinhas, conhecida como a fonte dos enamorados. Segundo a lenda, os casais que bebem dessa fonte permanecerão apaixonados e fiéis para sempre.
Esse rito simples era tradicionalmente realizado na partida do noivo, especialmente quando a separação, como durante o serviço militar, era longa.
Na noite anterior à despedida, os dois jovens iam até a fonte; a moça enchia um copo nunca antes usado e o oferecia ao namorado. O copo deveria ser quebrado, garantindo assim que a garota não perderia a pessoa amada.
Como chegar a Fontana di Trevi
A Fontana de Trevi é um dos cartões postais de Roma, e fica em pleno centro histórico a aproximadamente 10 minutos de caminhada do Pantheon, 20 minutos de caminhada do Coliseu e 25 minutos de caminhada da estação ferroviária Roma Termini.
Ônibus turístico Roma: para quem opta pelos ônibus de dois andares, também conhecidos como hop-on hop-off, as paradas mais próximas são Piazza Barberini (aprox. 10 minutos de caminhada) e Piazza di Spagna (aprox. 10 minutos de caminhada).
Metrô de Roma: a estação Barberini é a mais próxima da Fontana di Trevi (linha A).
Ônibus público: você pode calcular a melhor rota de ônibus em base ao seu ponto de saída usando o instrumento “Calcola il Percorso da Atac“
Carro alugado: os carros não podem circular na Piazza Trevi, que encontra-se dentro de uma área de trânsito restrito, a chamda Z.T.L. Para saber mais veja o site oficial com a ZTL de Roma.
Leia também: Como ir da estação Roma Termini até o Consulado do Brasil em Roma.
Abaixo um mapa para ter uma ideia melhor da localização da Fontana di Trevi em relação aos principais pontos de referência da cidade.

Atenção: nos últimos meses de 2024 a Fontana di Trevi passou por uma restauração, mas já reabriu.
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Com certeza, ainda mais com uma história tão rica como essa…
Fonte de Trevi com aula de história fica muito mais interessante.