Para você que gosta de sair do óbvio e quer conhecer destinos da Toscana fora da rota turística tradicional, a dica de hoje é a cidade de San Miniato. Este vilarejo medieval fica bem no meio do caminho entre Pisa e Florença e é uma parada que vale a pena. Leia o artigo para descobrir o por quê.
Índice
As principais atrações de San Miniato
San Miniato é um vilarejo na Toscana famoso pelo festival de trufas chamado Mostra Mercato Nazionale del Tartufo Bianco que acontece durante o outono na Itália. Inclusive a primeira vez que coloquei os pés na cidade foi no distante ano de 2009, quando meu marido ainda tinha cabelo comprido e eu ainda nem sabia que um dia teria duas filhas! Registrei a experiência neste artigo. Daquela época saí com a lembrança de uma cidade super movimentada, cheia de gente e perfume de comida gostosa no ar.

Vários anos depois voltei a frequentar San Miniato, dessa vez por motivo esportivo: acompanho minhas filhas em torneios de tênis que acontecem no Tennis Club San Miniato. Dependendo do horário do jogo, a gente sempre dá uma esticadinha até o centro histórico. O interessante é que nossas visitas geralmente são fora da alta temporada então encontramos uma outra versão de San Miniato: silenciosa, tranquila, transmitindo uma sensação de paz.
Muita gente também vai para San Miniato durante uma peregrinação porque a cidade está na rota da Via Francigena.
Para você ter uma ideia do que vai encontrar por lá, abaixo compartilho algumas das principais atrações de San Miniato.
A Rocca di Federico II
A Rocca di Federico II é um dos símbolos históricos mais importantes da charmosa cidade de San Miniato, na Toscana.
Construída entre 1217 e 1223 a pedido de Federico II di Svevia, rei da Sicília e imperador do Sacro Império Romano-Germânico, a torre original tinha cerca de 37 metros de altura, coroada por colunas cilíndricas em tijolos, característica marcante que lhe conferia grande imponência.
Federico II, conhecido como o “Stupor mundi” (“a maravilha do mundo”), transformou a fortaleza em uma peça central para o controle estratégico da Itália Central, dominando os territórios entre as importantes cidades de Pisa, Lucca e Florença.

Além de ponto estratégico militar, a Rocca di Federico funcionou também como prisão de Estado. O mais famoso prisioneiro foi o conselheiro imperial Pier della Vigne, cuja história é imortalizada por Dante Alighieri no XIII canto do Inferno da Divina Comédia.
Apesar de ter sido destruída pelas forças alemãs durante a Segunda Guerra Mundial, a torre foi cuidadosamente reconstruída em 1958, preservando fielmente sua forma original e tornando-se hoje um ponto panorâmico imperdível, de onde é possível apreciar toda a beleza das colinas e vales toscanos.
Horários de abertura da Rocca di Federico II:
De dezembro a março:
Sexta / Sábado / Domingo / Feriados
Horário: 10:00 – 17:00
De abril a maio:
Terça / Sexta / Sábado / Domingo / Feriados
Horário: 10:00 – 18:00
De junho a setembro:
Terça a domingo / Feriados
Horário: 11:00 – 19:00
De outubro a novembro:
Terça / Sexta / Sábado / Domingo / Feriados
Horário: 10:00 – 17:00
O valor integral do ingresso é de €4, mas existem tarifas reduzidas por €3 para estudantes universitários, jovens com menos de 18 anos, maiores de 65 anos, sócios da Unicoop Firenze e membros de associações culturais e turísticas como TCI e FAI. Moradores locais e peregrinos pagam uma tarifa ainda mais reduzida, de €3. Já as famílias podem adquirir um ingresso único por €10, válido para dois adultos e filhos menores de 18 anos. Uma opção interessante para aproveitar ao máximo a visita à cidade é o bilhete cumulativo, que custa €6,50 e dá direito à entrada também no Museo della Memoria e no Museo del Palazzo Comunale.

O Seminário de San Miniato
O Seminário Vescovile di San Miniato é outro edifício de San Miniato que chama atenção dos visitantes.

Sua construção teve início em 1650, mas só foi concluída após 63 anos, no início do século XVIII. Entre 1705 e 1708, Monsenhor Giovanni Francesco Maria Poggi encomendou a decoração da fachada ao artista Francesco Chimenti da Fucecchio, dando ao edifício a aparência majestosa que ainda hoje encanta visitantes e moradores locais.

A fachada do Seminário se destaca por seus 30 afrescos alegóricos, cada um representando virtudes cristãs como Fé, Esperança e Caridade. Essas imagens são acompanhadas por sentenças bíblicas ou dos Padres da Igreja, permitindo aos visitantes compreenderem facilmente o significado e a importância dessas virtudes na tradição religiosa local. A disposição estratégica dessas alegorias reflete uma preocupação didática e simbólica, indicando que o edifício não era apenas uma instituição religiosa, mas também um importante centro educacional e moral da cidade.
Uma curiosidade é a inspiração direta na famosa obra “Iconologia” de Cesare Ripa, publicada originalmente em 1593 e referência para artistas durante séculos. Essa influência pode ser percebida claramente nas representações da Castidade e da Religião Cristã presentes na fachada do edifício. Outro detalhe interessante é a presença de citações em latim junto às alegorias, algumas com autoria incorreta, provavelmente resultado de erros em restaurações realizadas no século XX.
Veja mais informações sobre o Seminário de San Miniato aqui.
A catedral de San Miniato
A poucos metros do Seminário, após um breve lance de escadas, a imponente Catedral de Santa Maria Assunta e San Genesio Martire atrai visitantes com sua fascinante trajetória histórica.

Originalmente denominada Santa Maria in Sala, essa igreja medieval serviu como paróquia aos vicários imperiais na época do imperador Frederico I Barbarossa.
Sua importância cresceu após a destruição do Borgo de San Genesio em 1248, quando recebeu direitos de batismo e sepultamento, assumindo assim um papel fundamental para a comunidade religiosa da região.
Ao longo dos séculos, a Catedral passou por diversas transformações arquitetônicas e estilísticas. Sua estrutura atual remonta ao século XIII, sob o reinado dos imperadores Henrique VI e Frederico II, destacando-se pelas três naves com transepto e uma torre campanária conhecida como Torre di Matilde.

Na fachada, um detalhe curioso chama a atenção: são as 32 tigelas decorativas de cerâmica, muitas das quais provenientes do Mediterrâneo e com motivos geométricos e animais. Acredita-se que estejam dispostas para representar constelações, simbolizando uma orientação espiritual para os fiéis, como a estrela polar orienta os navegantes.
A Catedral também viveu importantes restaurações durante os séculos XVIII e XIX, adquirindo elementos barrocos e neoclássicos. Essas intervenções incluíram pinturas decorativas, novos altares, uma impressionante cúpula decorada por Annibale Gatti e a adição de colunas em estilo neoclássico. Visitar esse monumento hoje é como realizar uma viagem no tempo pela história da Toscana, com cada detalhe arquitetônico e artístico testemunhando as transformações vividas pela cidade de San Miniato ao longo dos séculos.
San Miniato: 30º etapa de peregrinos da Via Francigena
Prosseguindo a rua do Seminário de San Miniato a gente encontra o Ostello San Miniato que acolhe os peregrinos da Via Francigena. Não cheguei a entrar para ver como era por dentro, mas é recomendável verificar os detalhes de horários e tarifas com antecedência.
Também é possível efetuar a reserva no Ostello San Miniato através do Booking.com.

Mas o que é a Via Francigena?
A Via Francigena é uma antiga rota medieval que ligava os territórios dominados pelos francos (as atuais França e Alemanha) até Roma, utilizada originalmente por peregrinos que viajavam rumo à Cidade Eterna. Hoje, é uma importante rota cultural e turística reconhecida pelo Conselho da Europa, percorrida por viajantes que buscam experiências ligadas ao turismo sustentável e ao patrimônio histórico europeu.
O trajeto oficial da Via Francigena é inspirado na rota descrita pelo arcebispo inglês Sigerico, no século X, quando ele documentou cuidadosamente sua peregrinação até Roma. A rota completa atualmente atravessa cerca de 2200 quilômetros por quatro países europeus – Inglaterra, França, Suíça e Itália –, oferecendo paisagens fascinantes, incluindo montanhas alpinas, vilarejos medievais, colinas vinícolas e regiões ricas em tradições culturais.
Apenas na Itália, o percurso cobre aproximadamente 1020 quilômetros, passando por localidades icônicas da Toscana, como San Miniato, e continuando até chegar ao Vaticano, em Roma.
Embora a Via Francigena possa ser percorrida durante todo o ano, os melhores meses para aproveitar plenamente o trajeto são maio, junho, setembro e outubro, devido ao clima mais ameno. Alguns trechos do percurso, especialmente aqueles que cruzam os Alpes ou os Apeninos, podem apresentar dificuldades durante o inverno, por causa da neve. Por isso, recomenda-se sempre conferir as condições climáticas antes de iniciar a viagem.
Seja por motivações espirituais, históricas ou culturais, a Via Francigena é uma experiência marcante e enriquecedora para viajantes de todas as idades.
Confira mais detalhes no site:
A Igreja ou Santuário do Santíssimo Crucifixo
Também no centro de San Miniato chama atenção a Igreja ou Santuário do Santíssimo Crucifixo (em italiano: Chiesa e Santuario del Santissimo Crocifisso), obra do início do século XVIII na Toscana. Projetada pelo arquiteto Ferri, foi edificada em um terreno especialmente desafiador, aproveitando um íngreme terreno logo abaixo da famosa Rocca di Federico.

Um dos grandes atrativos desse santuário é a bela escadaria panorâmica que o conecta diretamente ao Palazzo Comunale, tornando-se um cenário imperdível para fotos dos turistas que exploram o charmoso centro histórico de San Miniato.

Apesar da sobriedade e delicadeza da decoração externa, o interior da igreja surpreende pela exuberância artística. Projetado em formato de cruz grega, todas as paredes são cobertas por afrescos detalhados que retratam cenas marcantes do Antigo Testamento, criados pelo talentoso artista Anton Domenico Bamberini. O ambiente interno é enriquecido ainda pela presença de elementos decorativos que transportam os visitantes diretamente para a atmosfera sacra e barroca do século XVIII.
No coração do santuário está o altar principal, onde uma preciosa urna guarda uma das maiores relíquias religiosas de San Miniato: o Crocifisso di Castelvecchio, uma escultura em madeira datada do século XI, reverenciada há séculos por sua fama de milagrosa. Essa relíquia é protegida por uma pintura de grande valor artístico, representando o Cristo Ressuscitado, obra criada por Francesco Lanfranchi em 1525. Segundo a tradição, foi devido a milagres atribuídos ao Crocifisso que o bispo da cidade decidiu erguer o atual santuário, reforçando ainda mais a importância espiritual e cultural desse local na história da região.
Como chegar em San Miniato
Abaixo você encontra as principais opções de transporte até San Miniato.

De carro
Quem viaja de carro pode acessar San Miniato facilmente pela rodovia Firenze-Pisa-Livorno (FI-PI-LI), conectada às principais autoestradas da região (A1 e A11). Pegue a saída “San Miniato” e siga as indicações para “San Miniato Alto”. Atenção: você passará primeiro por San Miniato Basso, mas o centro histórico fica localizado na parte alta da cidade.
Leia também: Dicas para alugar carro na Itália
De trem
A estação ferroviária mais próxima é San Miniato-Fucecchio, situada em San Miniato Basso. Ela está localizada na linha Firenze-Pisa, que conecta duas das principais cidades da Toscana. Você pode pesquisar horários e comprar sua passagem de trem no site da Trenitalia.
Ao chegar, você pode utilizar o serviço de ônibus da linha 320, que liga diretamente a estação ao centro histórico (San Miniato Alto). Esse ônibus sai da Piazza della Stazione a intervalos regulares durante os dias úteis e feriados, facilitando o acesso ao centro histórico. Veja horários e detalhes no site da Autolinee Toscane.
De avião
Para quem chega de avião à Toscana, o Aeroporto Amerigo Vespucci, em Florença, é a opção mais próxima (cerca de 34 km). A partir do aeroporto, utilize a linha T2 da tramvia até a Piazza dell’Unità Italiana, que fica a poucos passos da estação ferroviária Firenze Santa Maria Novella. Dali, basta pegar um trem regional até San Miniato-Fucecchio.
Leia também: Como ir do Aeroporto de Florença ao centro
Outra alternativa é o Aeroporto Internacional Galileo Galilei, em Pisa (aproximadamente 43 km). Nesse caso, a partir do aeroporto você pode seguir diretamente até a estação ferroviária Pisa Centrale com o transporte público “Pisamover”, e de lá pegar um trem regional em direção a San Miniato-Fucecchio.
Abaixo o post que compartilhei no Instagram durante uma das minhas visitas a San Miniato na Toscana:
E você, já esteve em San Miniato? Como foi a sua experiência?
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