Vale a pena alugar um carro elétrico na Toscana?

Se você está pensando em alugar um carro elétrico na Toscana, leia este artigo até o final. Aqui, conto minha experiência e te ajudo a decidir se o carro elétrico pode ser uma boa opção para a sua viagem.

Por que eu fiz questão de alugar um carro elétrico na Toscana

Para quem está chegando agora no BRASIL NA ITALIA: eu moro na Toscana há mais de 20 anos e tenho carro (bi-combustível gasolina e gás). Então não precisava de um veículo para viajar ou me deslocar. Mas há tempos tenho vontade de saber como é realmente a experiência de dirigir um carro elétrico na Toscana.

Sou apaixonada por tecnologia e acho fantástica a ideia de dirigir um carro silencioso, que não emite gases que poluem o ar.

Conheço algumas pessoas que têm carro elétrico e o usam principalmente no roteiro de casa ao trabalho e estão bastante satisfeitas com a escolha.

A minha experiência com carros elétricos até então era mínima: há uns anos fiz um test drive de um KIA EV3 durante um evento, tinha achado super gostoso de dirigir, mas nada além disso.

A questão que há tempos circulava na minha cabeça era: como é viajar com um carro elétrico na Toscana? Na prática: seria uma experiência positiva ou negativa? Então aproveitei que tinha ganhado um voucher da DiscoverCars para experimentar o serviço deles e aluguei um carro elétrico por um dia.

Como foi o procedimento de reserva do carro elétrico

Na prática, fazer a reserva online de um carro elétrico na Toscana com a DiscoverCars foi super fácil. O site está disponível em várias línguas, inclusive português, italiano e inglês, o que já é um ótimo começo.

A DiscoverCars é uma espécie de Booking.com, mas ao invés de encontrar um elenco de hotéis, a gente encontra uma lista enorme de empresas que alugam carros.

Na página inicial do site da DiscoverCars basta inserir o lugar onde você quer retirar o carro, data de retirada e devolução. No meu caso escolhi Florença (área do Aeroporto), e a data de retirada e devolução como 11/06/2025, que era o dia em que a minha agenda batia com a das minhas filhas e do meu marido e poderíamos fazer essa experiência juntos.

Assim que a gente clica em “Pesquisar Agora” aparecem dezenas de opções de carros disponíveis.

No menu à esquerda do site você pode fazer uma pré-seleção das características que você deseja. Aqui algumas recomendações para facilitar a sua vida:

• Na opção “Avaliação do Fornecedor” selecione Muito Bom 8+ para já filtrar as melhores companhias
• Preste atenção à quilometragem permitida — quilometragem ilimitada é a melhor opção para viagens longas.
• Existe uma seção “Especificações do carro” onde você pode selecionar Elétrico para ver apenas as opções de carros elétricos disponíveis para o aluguel.

Vale saber também que geralmente é preciso de um cartão de crédito em nome de quem faz a reserva para a retirada do carro no dia programado.

Depois é só selecionar o veículo que mais atenda às suas expectativas em relação a serviço e preço e fechar a reserva. Em poucos cliques você resolve a sua reserva.

Recomendo vivamente optar pelo seguro com Cobertura Total para evitar problemas e dores de cabeça em caso de pequenos ou grandes incidentes de viagem.

Qual era o meu roteiro de viagem com o carro elétrico

Meu roteiro de viagem de um dia era o seguinte:

1. 08:00-08:30 – retirada do carro na loja próxima ao aeroporto
2. 10:00 – 13:00 – visita da abadia de San Galgano e de Montesiepe
3. 13:30 – 15:00 – visita de Chiusdino
4. 15:00 –
5. parada rápida em Volterra se sobrasse tempo
6. devolução do carro

Programação dos deslocamentos (com ajuda do Google Maps)

Deslocamentos	Tempo	Km
Florença Aeroporto – San Galgano	1 hora e 30 minutos	100
San Galgano – Chiusdino	20 minutos	14
Chiusdino – Florença Aeroporto	1 hora e 30 minutos	100
TOTAL OPÇÃO 1 (sem Volterra)	3 horas e 20 minutos	214
Chiusdino – Volterra	1 hora e 10 minutos	60
Volterra – Florença Aeroporto	1 hora e 30 minutos	84
TOTAL OPÇÃO 2 (com Volterra)	4 horas e 30 minutos	258

Note que aqui não incluí uma questão fundamental: o tempo de carga do carro elétrico. Para quem está acostumada a dirigir os carros “normais” bastam 5 minutos para abastecer um veículo, tempo que a gente nem leva em consideração em um roteiro de viagem.

É claro que eu sabia que o carro elétrico precisava de mais tempo para ser carregado, mas achei que poderia carregar o carro durante as minhas paradas e depois resolver a questão bem rapidinho antes de entregar as chaves. Mas vamos por etapas.

Retirada do carro elétrico no dia programado

A nossa chegada à loja de aluguel de carros foi pontual. Assim que a loja abriu, a gente já estava lá e fomos os primeiros a receber atendimento.

Não foi necessário mostrar o voucher da DiscoverCars: bastou fornecer meu nome e eles já acharam a reserva no sistema.

Apesar de já ter feito o seguro completo com a DiscoverCars eles perguntaram se queria fazer o seguro com eles também. Não aceitei porque já tinha feito o seguro com a DiscoverCars e não queria pagar duas vezes.

Nós explicamos que não tínhamos muita experiência com carro elétrico e que aquele era o objetivo principal da nossa experiência. Os atendentes foram gentis e nos passaram algumas dicas:

• evitar deixar o carro com menos de 30% de bateria
• evitar o ar condicionado, se estivéssemos com pouca bateria
• nos passaram a indicação da app Enel X Way para procurar pelas estações de carregamento

Inclusive nos disseram que a nossa reserva era válida por 24 horas então não precisávamos devolver o carro às 18:30 conforme o voucher, mas que poderíamos entregar as chaves às 08:00 da manhã do dia seguinte, se fosse mais conveniente para a gente.

A única coisa que não foi como esperado foi o tipo de veículo entregue: na hora da escolha do veículo no site da DiscoverCars estava escrito (Compact Crossover – Jeep Avenger ou Similar) e na hora da entrega do carro nos deram uma Fiat 500 elétrica. Esperava um carro maior, falei isso para a atendente e ela disse que o sistema dá um modelo como exemplo.

Como eu estava animadíssima para a nossa viagem e sem vontade de ficar fazendo polêmica, aceitei a Fiat 500, que por sinal era super charmosa e colorida. Pensei: “ah, que carro fofo, super italiano e perfeito para as vielas estreitas dos centros históricos das vilarejos italianos”.

O atendente nos mostrou como funcionava o veículo, ligar, desligar, carregar. O veículo já estava com 100% de bateria, conforme esperado, já que tinha feito reserva tanque cheio-tanque cheio.

Nos deu um veículo apenas com “tomada caseira” (palavras que ele usou), ou seja, com o plug para carregar em casa em uma tomada comum. Disse para procurarmos estações com o cabo de carregamento, que já tinha o plug mais avançado e nos sugeriu de baixar a app “Enel X Way“. E disse também que aquela área onde iríamos era cheia de estações de carga e que não teríamos problemas, o que nos tranquilizou bastante.

Nossa experiência com o carro elétrico na Toscana na prática

Adorei a experiência de dirigir o carro elétrico: ele realmente é silencioso, reativo, inteligente.

Configuramos a conexão do meu telefone no carro para usar os mapas do Waze e partimos todos contentes. Até minhas filhas, que estavam um pouco apertadas no banco de trás da Fiat 500 (que tem um espaço mínimo para as pernas) estavam animadíssimas.

A viagem até San Galgano foi tranquila, no tempo previsto. Chegando no estacionamento da Abadia encontramos até uma estação para carregar o carro, mas sem o cabo. Mas como ainda tínhamos bastante bateria pensamos: “depois a gente encontra outra”.

Passeamos tranquilamente na Abadia de San Galgano e subimos até Montesiepe para ver a espada na pedra de San Galgano. Tirei um monte de fotos, fiz um rápido voo com meu novo drone (que em breve espero publicar) e por volta de meio dia e meia já estávamos no carro em direção ao próximo destino: Chiusdino.

Chegando lá não encontramos nenhum ponto para carregar o carro, mas deixamos ele estacionado em uma das vagas no centro da cidade. Olha só na foto abaixo como ele chamava atenção, todo colorido ao lado dos outros veículos:

Até aqui estávamos super tranquilos, paramos para almoçar, visitar os principais pontos turísticos da cidade. Consultei a app Enel X Way com uma lista de estações de recarga e vi que tinha um ponto exatamente no centro de Volterra: “perfeito” – concluímos. “Vamos para lá que ainda temos tempo.” Eram cerca de 15:30.

Foi quando chegamos em Volterra que o pânico bateu: a estação de recarga também não tinha cabo! Funcionava, porque tinham duas vagas: uma ocupada por um carro que possuía o próprio cabo e outra livre, mas nós não tínhamos o cabo!

A ânsia da bateria começou a aumentar a medida que a carga do carro diminuía e a do meu celular também.

Dei bobeira antes de sair de casa: peguei um cabo velho do iPhone que mal funcionava e, depois de praticamente 1 hora de viagem de Chiusdino até Volterra, eu estava com 25% de bateria (o que no meu iphone dura meia hora!). Meu marido também estava completamente sem bateria. Só minhas filhas tinham bateria no celular!

A partir daqui a nossa viagem praticamente acabou: decidimos então começar a voltar para Florença tentando localizar no caminho algum lugar com muitas opções de estações de recarga. Se tinham várias, pelo menos uma deveria ter o bendito cabo. A única coisa é que a internet não funcionava bem em alguns pontos da estrada.

Paramos em Colle Val d’Elsa e em frente ao escritório de Informazioni Turistiche tinha uma estação de recarga com cabo incluído. Felizes? Sim, até que descobrimos que ela não funcionava!

Mas pelo menos aqui achamos um QR-Code, que dava informações sobre outras opções para carregar o veículo. Enquanto eu tentava baixar a app Plenitude On The Road do meu celular quase sem bateria e com internet que funcionava de forma intermitente, aproveitamos para entrar no Ufficio Informazioni Turistiche e pedimos informações sobre onde tinham outros pontos na cidade. A moça que trabalhava lá nos disse de ir até o supermercado Conad que eles tinham um ponto de recarga que era possível usar enquanto o supermercado estivesse aberto.

Fomos até o supermercado Conad, entramos, perguntamos e nos disseram que lá nunca teve um ponto de recarga para carros elétricos, mas que a poucos metros dali tinha uma estação de recarga. Seguimos essa última indicação: encontramos dois pontos de recarga, mas também não tivemos sucesso porque o ponto de recarga não funcionava.

A essa altura eu tinha conseguido finalmente instalar a app Plenitude On The Road e, do telefone da minha filha que ainda tinha bateria, telefonamos para a assistência Plenitude.

A atendente da Plenitude On The Road foi um anjo: teve paciência de procurar lá no sistema dela qual a estação de recarga em função mais próxima. Nos passou o endereço e fomos até lá!

Aleluia! Conseguimos finalmente encontrar um ponto de recarga moderno da Plenitude em Colle Val d’Elsa, em frente aos campos de tênis na Via Giovanni Paolo II. Para completar a alegria este ponto carregava o carro rapidinho e em cerca de 1 hora chegamos ao 100% de bateria. Gastei Euro 17,47 euros para carregar a bateria aqui.

A única coisa é que não tinha muita coisa nos arredores para ver, mas felizmente tinha um clube de tênis! E onde tem um clube de tênis, podemos esperar por boa recepção. Lá entramos, encontramos um bar onde nos refrescamos do calor tórrido com sorvete e picolé. Pudemos usar o banheiro. E no tempo que sobrou aproveitei para fazer um último voo com o drone.

Para concluir o dia, voltamos até a área nos arredores do Aeroporto. Como queria devolver o carro com 100% de bateria, lá perto achei um posto de gasolina Q8 que também tinha pontos de recarga para carro. A única coisa é que levamos mais 1 hora para carregar 20% de bateria restantes. Aqui gastei Euro 8,72 (usei a app Plenitude on The Road).

Deixamos o carro lá na porta da locadora por volta das 22:00 e voltamos para casa. No dia seguinte às 8 da manhã fui até a locadora devolver as chaves.

Conclusão: valeu a pena alugar o carro elétrico na Toscana?

Devo ser honesta: a nossa viagem teria sido muito mais tranquila com um carro normal. Fico imaginando um turista estrangeiro tendo que baixar apps diferentes, criar um perfil geralmente em apps escritas em italiano.

No entanto admito que também fomos muito bobinhos: deveríamos ter saído da loja de aluguel de carro com o cabo certo para carregar o carro. Geralmente os carros elétricos alugados vêm com o cabo que se conecta no ponto de recarga. E é melhor ter ele no carro e não depender dos pontos de carga com cabo.

Se tivéssemos o cabo, teríamos visitado Volterra tranquilamente enquanto carregávamos o carro e não teria rolado nenhuma ânsia e nenhum estresse. Foi um erro nosso em não fazer questão do cabo na loja (porque não sabíamos que faria a diferença entre tranquilidade e caos na nossa viagem) e foi um erro da loja em não nos ter fornecido o cabo.

E é claro que isso não tem nada a ver com a DiscoverCars, da mesma forma que se você reserva um hotel com o Booking.com e no quarto não encontra toalhas de banho, o problema foi o serviço do hotel e não do Booking.com. Mesmo que a moça da recepção do hotel tenha sido super gentil.

Por isso deixo aqui os meus conselhos para você que quer experimentar a emoção de alugar um carro elétrico na Toscana.

O que você deve saber ao alugar um carro elétrico na Toscana

1 – Baixe pelo menos duas apps com mapas de pontos de recarga para o seu celular e já crie o cadastro antes mesmo de sair de casa para não perder tempo durante a viagem. Inclusive com os dados para o pagamento.

2 – É recomendável fazer a viagem com internet funcionando no seu smartphone. Se você não mora na Italia ou na UE, pode fazer um plano de dados com a eSim Holafly. É claro que em algumas áreas nenhuma operadora pode funcionar, mas na maioria dos lugares funciona.

3 – Não saia da locadora sem o cabo para carregar o carro em pontos de recarga comuns. Não acredite se te falarem que você encontra facilmente pontos de recarga com cabo! Não é verdade! Inclusive próximo a cidades históricas e atrações turísticas descobrimos que precisa ter o cabo próprio do carro para carregar o carro.

4 – Verifique a autonomia do carro antes de sair. Pergunte qual é a autonomia média com carga cheia e calcule os trechos da sua viagem considerando uma boa margem de segurança. Isso pode evitar muita dor de cabeça no meio do caminho.

5 – Planeje as paradas em lugares com estrutura. Carregar um carro elétrico pode levar de 30 minutos a mais de 1 hora, dependendo do tipo de carregador. O ideal é escolher paradas em cidades com banheiros, restaurantes ou atrações para aproveitar melhor esse tempo.

6 – Evite usar o ar-condicionado com a bateria baixa. Parece besteira, mas na prática faz diferença. E na Toscana, com tantas subidas e descidas, o consumo de bateria pode ser maior do que o esperado.

7 – Evite rodar à noite com pouca carga. Alguns pontos de recarga ficam em áreas pouco iluminadas ou nem sempre funcionam como deveriam. Com bateria abaixo de 30%, é melhor já começar a pensar em carregar.

8 – Considere devolver o carro com carga parcial. Se você combinou de devolver o carro com 100% de carga, lembre-se que vai precisar retornar à área da locadora pelo menos 1 hora antes do horário final. Em alguns casos, vale mais a pena pagar uma pequena taxa e devolver com o nível de bateria que restar — confirme essa opção e custos com a locadora.

9 – Tenha um plano B. Mesmo com planejamento, imprevistos acontecem. Mapeie com antecedência onde ficam os carregadores rápidos (geralmente próximos a supermercados ou postos de gasolina) e deixe salvo no seu app de mapas uma rota alternativa caso o carregador previsto esteja fora de serviço.

10 – Pode reservar tranquilamente com a DiscoverCars. O site funciona super bem, está em português, os preços são competitivos e a empresa é séria e confiável. Seja para reservar um carro elétrico como um carro comum.

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E você, já alugou um carro elétrico na Toscana? Conta para a gente como foi a sua experiência nos comentários. E se tiver alguma dica ou conselho, não deixe de compartilhar com a nossa comunidade.